segunda-feira, 16 de abril de 2012
II Encontro de Oficinas em Educação Musical/ SP
Para quem quer vivenciar, compartilhar e conhecer novas experiências em Música e Movimento. Estaremos lhe esperando!
Última semana para se Inscrever! Educação Musical, Corpo, Movimento, Jogos, Instrumento, Voz, Percussão Corporal, Arranjos e muito mais!
INFORMAÇÕES:
ONDE: Escola Carlitos - Rua Conselheiro Brotero, 832 - Higienópolis - São Paulo - SP
QUANDO: Sábado 21 e Domingo 22 de Abril
INVESTIMENTO: 350,00 à 400,00 dependendo da categoria.Desconto para estudantes e professores.
O QUÊ: 8 Oficinas de 2 horas cada.
Inscrições:
http://www.musicaemovimento.com.br/oficinas/inscricoes/encontro-oficinas
Monografia PROJETO ARTEIROS: uma proposta de dança inclusiva.
Essa monografia foi apresentada à Banca Examinadora da Universidade de São Paulo, como exigência para obtenção do título de ESPECIALISTA em Linguagens das Artes/2007.
Segue abaixo resumo do projeto.
INTRODUÇÃO
A arte propicia ir além das barreiras arquitetônicas e de comunicação. Possibilita criar um diálogo entre as pessoas. A proposta de dança inclusiva surgiu do crescente movimento mundial que vêm ocorrendo em criar programas que valorizem a participação de todos, em especial, pessoas com deficiência, tanto em atividades sociais, pedagógicas e culturais.
A dança por si só é geradora de possibilidades expressivas, seja do eu ou de um grupo representativo. A proposta da Dança Inclusiva é proporcionar à todos os participantes igualdade de condições para desenvolver seu potencial e, criar formas para que ele se sinta integrado.
A arte possibilita que a pessoa entre em contato consigo mesma, reconhecendo seu potencial e desafios. Procurando manter uma visão otimista da situação, utilizei da palavra desafio no lugar de falta, como motivadora do desenvolvimento da pessoa. Ela não deixa de ser encarada, mas dada as devidas proporções, sendo um facilitador para que a pessoa entre em contato com sua realidade.
Há 7 anos, em fevereiro de 2000, criei o Projeto Arteiros, na AHIMSA (Associação Educacional para Múltipla Deficiência) São Paulo, com o objetivo inicial de trabalhar a expressão corporal com pessoas com múltiplas
deficiências e surdocegos. Atualmente nossos objetivos principais são desenvolver neste trabalho a consciência corporal, criatividade, socialização, comunicação e autonomia de todos os participantes. Tratam-se de grupos heterogênios, que são compostos em sua maioria por pessoas com algum tipo de deficiência.
A metodologia é baseada nos estudos de Laban - Dança Educativa Moderna e Van Djck, adaptada às pessoas com deficiência. Dessa forma, foi criado um modelo contemporâneo em que a dança inclusiva valoriza à participação de todos, aprendendo com suas diferenças e semelhanças.
A comunicação permeia a todo momento a construção do diálogo entre os participantes, favorecendo o uso de sistemas de comunicação alternativa e/ou suplementar e da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Essas formas diferenciadas de
comunicação fazem parte de nossa criação coreográfica e de nossas apresentações em grupo, seja pelo uso dos sinais, objetos referenciais ou figuras do PCS ou COMPIC (figuras pictográficas e ideográficas).
Esse trabalho antes de mais nada visa resgatar a qualidade de vida dos participantes, desenvolvendo valores como respeito e cooperação fundamentais para que haja um bom diálogo e compreensão entre as pessoas.
OBJETIVO
Essa monografia pretende discutir uma nova forma de abordagem no ensino da Arte Educação em dança, especialmente visando o bem-estar dos alunos, possibilitando a criação de espaços em que é possível a participação de todos. Para tanto, se faz necessário que o arte educador esteja munido de informações para que possa realizar as adaptações necessárias em sala de aula para que todos possam compreender o conteúdo dado. No entanto, essa realidade ideal muitas vezes se encontra distante de nossa realidade brasileira.
Nossas escolas públicas em sua maioria são superlotadas, os professores não têm possibilidade de se qualificar e, não existem salas de recurso suficientes para colaborar com o processo de inclusão. Dessa forma, oque seria um direito da criança e adolescente , passa a fazer parte de um processo de exclusão.
Na mão contraria desse movimento, percebo muitas instituições voltadas para o atendimento de pessoas com deficiência abrindo espaço para que cada vez mais pessoas sem deficiência façam parte desses trabalhos. São locais que oferecem também vagas no seu atendimento voltadas para a comunidade em geral. A possibilidade de criação de grupos heterogêneos acaba sendo parte de um processo agregador e não excludente. Quando temos a possibilidade de trabalhar com diferentes faixas-etárias, e grupos que não são compostos por uma única deficiência, temos um processo colaborativo em que quem enxerga auxilia quem não vê e vice-versa por exemplo. No trabalho de dança inclusiva, esses grupos são pensados baseados no desenvolvimento potencial de cada participante e em que momento processual ele se encontra.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA:relato de experiências.
Como forma de contribuir para exploração do movimento e
descoberta de si e da existência do mundo, procurei utilizar da Dança Moderna Educativa como base do meu trabalho de dança inclusiva.
Rudolf Laban procurou nos mostrar através de sua Teoria do Movimento a possibilidade de que qualquer pessoa pode dançar, respeitando sua individualidade. Sua teoria criou um instrumento para a análise do movimento. Através de sua metodologia é possível descrever características do movimento como: qualidade, peso, ritmo, forma, postura, caminho, direção, dimensão, nível espacial, uso do corpo em partes e seu todo. Para ele, adquirimos conhecimento através do corpo, nosso instrumento para pensar, saber e comunicar. Ele criou a nomenclatura esforço para nos mostrar que o movimento começa a ocorrer internamente, através das emoções, sensações e pensamentos.
Laban procurou desenvolver diferentes formas do movimento através de gestos e passos que representavam a vida cotidiana do homem contemporâneo. Dessa forma, é possível desenvolver um trabalho baseado na arte do movimento, mais do que simplesmente restringir a dança. Essa “nova técnica de dança estimula o domínio do movimento em todos os aspectos corporais e mentais, ampliando-se a dança moderna como uma nova forma de dança cênica e social”(pg.16, 1990).
Nas escolas o uso dessa técnica é variado: possibilita a expressão, a retomada da consciência dos seus movimentos, preserva a espontaneidade, ajuda na expressão criativa e cultiva a capacidade de fazer parte de danças coletivas.
Para Jan van Djck, as crianças com múltiplas deficiências e surdocegas têm dificuldade em distinguir a si mesma, sendo os outros prolongamentos do seu próprio corpo. Por isso, a separação do eu e do outro é essencial para o desenvolvimento de sua representação e simbolização, imprescindíveis para aquisição e desenvolvimento de sua linguagem. Essa criança com deficiência descobre que seu corpo é um veículo com o qual poderá explorar o mundo através do movimento e da interação com o adulto.
Van Djck (1968), propôs um programa de atuação com crianças com múltiplas deficiências e surdocegas denominado níveis de comunicação, colaborando para o desenvolvimento da sua consciência corporal e simbólica. Esse programa é apresentado como um processo dinâmico, servindo de parâmetro de antecipação do trabalho a ser realizado. Ele é dividido em: nutrição, ressonância, movimento coativo, referência não-representativa, imitação e gestos naturais. Dessa forma, era possível observar e avaliar a construção do diálogo entre um adulto e uma criança através das seguintes funções comunicativas: atenção, informação, protesto, recusa, comentários, descrição, reforço, checagem, comentários sociais, solicitação, afirmação, instrução e animar/desanimar.
Baseado em minhas experiências nas áreas da ARTE/TERAPIA/EDUCAÇÃO, criei um paralelo com minha atuação e o programa de níveis de comunicação.
MÉTODO
Baseado num processo permanente de ação/reflexão/ação, resgato a frase de Paulo Freire que diz “quem estuda não deve perder nenhuma oportunidade, em suas relações com os outros, com a realidade, para assumir uma postura curiosa. A de quem pergunta, a de quem indaga, a de quem busca.”(1987).
A de quem pergunta?
Como é possível desenvolver uma abordagem facilitadora do processo de inclusão de pessoas com necessidades especiais através da dança?
A de quem indaga?
Visto que o termo pessoas com necessidades especiais não se tratam apenas de pessoas com algum tipo de deficiência, mas também estão incluídos gestantes, idosos e crianças e adolescentes em situação de risco; também ressalto a importância de se trabalhar com uma visão que garanta o direito de todos à terem suas necessidades supridas para chegarem a uma condição de igualdade.
A de quem busca?
Baseada numa metodologia triádica (Laban), em que fundamenta sua prática na realidade de seu aluno, é possível propor um novo olhar sobre a dança. Em que a técnica não procura padronização, mas trabalha com o potencial criativo do próprio movimento natural. Onde a apreciação do trabalho não busque exclusivamente a simetria estética e o virtuosismo, mas reconheça as diferentes formas criativas/expressivas. E quem se apresentando tenha a possibilidade não só de compartilhar seu produto final, mas valorizar todo o processo de construção.
REFLEXÃO E CONCLUSÃO
O trabalho de Dança Inclusiva foi desenvolvido baseado nas minhas experiências em Dança Moderna Educativa, Danceability, Danzaterapia, Danças Circulares Sagradas e Dança do Ventre, unificando com o trabalho terapêutico baseado nos estudos de Van Djck. Isso possibilitou uma integração entre as áreas da Arte/Saúde/Educação.
Este trabalho foi denominado Projeto Arteiros e implementado em 8 instituições que desenvolvem atendimento às pessoas com deficiência. Participaram desse projeto mais de 150 pessoas, entre crianças, adultos e idosos, 80% tinham algum tipo de deficiência. Atualmente ele está sendo realizado em 3 instituições: AHIMSA (Associação Educacional para Múltipla Deficiência) em parceria com a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo - Projeto Talentos
Especiais; Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e a Pessoa com Múltipla Deficiência Sensorial e Estação Especial da Lapa.
O público do projeto são crianças, adultos e idosos com deficiência, familiares e pessoas da comunidade. No total estão participando 60 pessoas, de 12 à 65 anos, 80% são deficientes, entre eles 50% são múltiplos deficientes e 4% surdocegos. Todos os trabalhos são oferecidos gratuitamente para os participantes.
Com esse projeto foi possível observar o resgate da auto-estima, a possibilidade dos participantes se sentirem capazes não só de receber mas de compartilhar algo. A valorização junto à seus familiares, possibilitando enxergar o potencial desses indivíduos.
Dançamos em parques, escolas e teatros, entrando em contato com diferentes pessoas que muitas vezes nunca se aproximaram de uma pessoa com deficiência. Vivenciamos em grupo experiências que valorizam o diálogo/ socialização dos participantes através da comunicação alternativa e/ou suplementar junto à comunidade em geral. Procuramos aprender com nossas diferenças e semelhanças.
Voz é Vida!
A Fonoaudiologia se une nacionalmente neste 16 de abril com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da voz humana, como prevenir desordens vocais além de orientar sobre os cuidados para uma voz saudável e eficiente.
Portanto: unam-se neste esforço conjunto pois: VOZ É VIDA!
Neste próximo final de semana dias 21 e 22 estarei dando uma oficina de Saúde Vocal no II Encontro de Oficinas de Educação Musical. Prevenção e conhecimento sempre foi a melhor forma de nos cuidarmos. Apareçam!
Assinar:
Postagens (Atom)