Os direitos humanos preconizam a igualdade perante a lei e a liberdade de pensamento e de expressão para todos os seres. Infelizmente isso ainda está distante do mundo em que vivemos. Com a finalidade de contribuir para a mudança dessa realidade criei o Projeto Arteiros. Um grupo de dança inclusiva em que pessoas com e sem deficiência buscam entrar em contato com seus limites e procuram se superar e desenvolver seus potenciais. Criado em fevereiro de 2000, tem como objetivos principais desenvolver a consciência corporal, a criatividade, a socialização, a comunicação e autonomia de todos os participantes.
O projeto é baseado na Dança Educativa Moderna criada por Rudolf Laban. Ele procurou nos mostrar através de sua Teoria do Movimento a possibilidade de que qualquer pessoa pode dançar, respeitando sua individualidade. Sua teoria criou um instrumento para a análise do movimento. Através de sua metodologia é possível descrever características do movimento como: qualidade, peso, ritmo, forma, postura, caminho, direção, dimensão, nível espacial, uso do corpo em partes e seu todo. Para ele, adquirimos conhecimento através do corpo, nosso instrumento para pensar, saber e comunicar. Ele criou a nomenclatura esforço para nos mostrar que o movimento começa a ocorrer internamente, através das emoções, sensações e pensamentos.
Laban procurou desenvolver diferentes formas do movimento através de gestos e passos que representavam a vida cotidiana do homem contemporâneo. Dessa forma, é possível desenvolver um trabalho baseado na arte do movimento, mais do que simplesmente restringir a dança. Nas escolas o uso dessa técnica é variado: possibilita a expressão, a retomada da consciência dos seus movimentos, preserva a espontaneidade, ajuda na expressão criativa e cultiva a capacidade de fazer parte de danças coletivas.
O trabalho de Dança Inclusiva atualmente está sendo realizado baseado nas minhas experiências em Dança Educativa Moderna, DanceAbility, Danzaterapia, Danças Circulares Sagradas e Dança do Ventre, unificado com o trabalho terapêutico baseado no desenvolvimento da comunicação alternativa como fonoaudióloga. Isso possibilitou uma integração entre as áreas da Arte/Saúde/Educação.
Já implementei o Projeto Arteiros em 9 Instituições que desenvolvem atendimento às pessoas com deficiência e Organizações Não-Governamentais. Participaram desse trabalho mais de 200 pessoas, entre crianças, adultos e idosos, 70% tinham algum tipo de deficiência ou doença crônica.
Atualmente ele está sendo realizado na Estação Especial da Lapa - Divisão de Medicina e Reabiltação (HC FMUSP)- como Oficina Terapêutica de Dança. Todos os trabalhos são oferecidos gratuitamente.
Esse trabalho antes de mais nada visa resgatar a qualidade de vida dos participantes, desenvolvendo valores como respeito e cooperação fundamentais para que haja um bom diálogo e compreensão entre as pessoas.Com esse projeto foi possível observar o resgate da auto-estima, a possibilidade dos participantes se sentirem capazes não só de receber mas de compartilhar algo. A valorização junto à seus familiares e a comunidade em geral, possibilitando enxergar o potencial de todos.
Dançamos em parques, escolas e teatros, entrando em contato com diferentes pessoas que muitas vezes nunca se aproximaram de uma pessoa com deficiência. Vivenciamos em grupo experiências que valorizam o diálogo/ socialização dos participantes através da comunicação alternativa e/ou suplementar junto à comunidade em geral. Procuramos aprender com nossas diferenças e semelhanças.
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